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Liberdade, a mais frustrante das utopias

Esses tempos eu tenho pensado um pouco sobre a liberdade do homem... O que muitos buscam, mas a maioria não consegue ao menos vislumbrar. 
Me entristece saber que não somos livres, nem mesmo a nossa mente o é, já que as convenções impostas a nós desde a infância a aprisionam, mesmo que imperceptivelmente. Mas ao mesmo tempo, não consigo imaginar o homem livre em sua totalidade. Não me parece uma ideia cabível, talvez por realmente não ser, ou o mais provável, pelo modelo da sociedade em que vivemos, e  que sempre deixa vestígios inconvenientes bloqueando nossos pensamentos, por mais que lutemos para que isso não ocorra.
O fato de vivermos em conjunto nos aprisiona de certa forma, a exemplo, uma frase que me dizem desde que eu era criança: "Tua liberdade acaba quando começa a do outro". Ou seja, devemos respeitar o espaço das pessoas que nos rodeiam, não podemos interferir ou obstruir a liberdade alheia. Sempre fui muito restrita nesse ponto, sou uma pessoa egoísta, eu acho. Gosto de ter bem delimitado o meu espaço, e o espaço dos outros, e detesto quando algo adentra aos meus limites. Enfim, a liberdade do homem começa a ser limitada no exato momento em que ele nasce cercado por outros homens.
A medida que os anos se passam, nos damos conta de que nossos passos não foram dados por vontade própria. Estudar, trabalhar, casar, ter filhos, envelhecer e morrer, a linha que a maioria das pessoas segue e almeja. Essas etapas (exceto casar e ter filhos) é essencial para nossa sobrevivência, não temos escolhas a não ser passar por elas pra termos uma vida confortável, apesar de algumas vezes isso não acontecer. Há quem diga que essa é a sua vontade, mas até que ponto a vontade de uma pessoa inserida numa sociedade como a nossa é confiável, sendo que a mesma pode ter sido influenciada pelo meio que a cerca? Se for parar para analisar, não somos confiáveis. O meio em que vivemos determina grande parte de nossas ideias e pensamentos.
Uma situação que me fez pensar na liberdade em si, foi quando fui num circo. Próximo à minha cadeira, tinham duas moças muçulmanas. Comecei então a pensar nesses dois exemplos. Uma criança nascida em um dos dois mundos, cresceria rodeada pelos preceitos do modo de vida e das crenças da sua família. Tinham crianças participando das apresentações do circo. Essas crianças não tinham a menor escolha sobre seu futuro, sobre qual rumo sua vida tomaria. Viajando de cidade em cidade, se esforçando para cumprir seu número e contribuir para o lucro do circo, onde entra a escolha, a vontade de estar no meio de tudo isso? Há aqueles que fogem, que se fixam numa cidade, são os que chegam mais próximo de tomar as rédeas de seus destinos. No caso das muçulmanas, elas estavam com seus filhos. Esses meninos seriam criados nas bases do islamismo, e isso é o que mais vemos por aí, os pais criam os filhos de acordo com as suas crenças. Na questão da religião, também há os que a abandonam, ou os que se convertem para outras.
Mas analisando tudo isso, não consigo pensar em como pode ser justo essas crianças, no início de suas vidas, já serem aprisionadas a preceitos e modos de vida. Só que se for ponderar isso, assim somos todos nós. Somos criados de acordo com a cultura da nossa família, geralmente adeptos da religião da  família. E o sentido de obrigar, forçar, ao meu ver não se afasta nem um pouco desses fatos.
Porém como disse no início, não imagino o homem um dia plenamente livre. Acho que não nascemos para sermos livres. O que devemos fazer é repeitar o espaço, a liberdade dos que nos rodeiam. O que podemos fazer, é dentro das nossas mentes, quebrar todas as barreiras impostas, por nós mesmo ou por fatores externos, ou ao menos todas as que conseguirmos. Para que assim, nossos pensamentos possam fluir livremente, e saciar essa sede de liberdade que nos consome, mesmo que as vezes ela esteja escondida lá no fundo, nas profundezas do nosso ser. 


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